Regozijava em festas a aldeia dos maués. Ao som de torés, maracás e outros instrumentos musicais, os guerreiros dançavam ao centro da taba iluminada de archotes, que queimavam as mais perfumadas rezinas.
Mulheres serviam as bebidas caxiri, cauim e carne mo-queada.
A razão de tanta alegria era a celebração de uma caçada feliz. O cacique Canuqué reuniu tribos vizinhas e amigas para festejarem o acontecimento.
No meio de tanto divertimento, apenas a bela Nacaíra, filha do cacique, se sentia triste e solitária. Sempre fora disputada pelos mais formosos e destemidos guerreiros, mas a nenhum deles dava o menor olhar ou gesto de esperança. Seu coração puro não pertencia a homens que penduravam no pescoço dentes de inimigos mortos em batalhas, numa atitude de bravura e heroísmo.
Quando pequenina, Nacaíra gostava de ouvir as histórias de Janá, velha feiticeira, que conhecia os poderes misteriosos das plantas, a origem dos rios, a das serras, e sabia os nomes de muitas estrelas do céu. Contara-lhe uma vez Janá que a Lua era um guerreiro branco, belo e poderoso. Nas noites de luar descia à Terra para se casar com uma jovem; depois a levava para o céu, transformando-a em brilhante estrela.
Nacaíra ouvia em silêncio, olhinhos presos no espaço infinito.
— Como seria bom viver lá no alto, transformada em estrelinha e olhar a terra pequenina e distante. . .
As palavras da velha Janá ficaram na mente de Nacaíra, que, mesmo depois de jovem e dotada de surpreendente beleza, jamais se interessou pelos moços da aldeia ou de outras tribos.
Nas noites de luar, saía pelas matas fitando o céu, braços erguidos como a querer alcançar o guerreiro bem-amado. Naquela noite de festas, ela deixou as danças e cantos, as custosas bebidas e cheirosos assados e pôs-se a caminhar pela floresta.
No meio do céu a Lua brilhava tranqüila. Tudo era sossego. Apenas o vento, que brincava nas árvores, trazia o rumor distante das danças e cantos da taba. Lá longe, no azul sem-fim, as estrelas eram como tochinhas brilhando serenas. Nacaíra encaminhou-se para a lagoa. Viu refletida nas águas a imagem querida da Lua. Boiava de mansinho como se dela se aproximasse sempre mais. Pensando no jovem branco que, por certo, vinha buscá-la, a indígena correu ao seu encontro, atirando-se nas águas profundas.
Ninguém mais viu Nacaíra, a bela princesa dos maués. Mas o luar, única testemunha daquela cena, se condoeu da infeliz indiazinha; em vez de transformá-la numa estrela do céu, transformou-a em Estrela das Águas.
No dia seguinte, quando os maués andaram em busca de Nacaíra, encontraram no lago uma flor de radiante beleza, de um suave tom rosa pálido e de perfume delicado, semelhante ao do fruto maduro. Era a Vitória-Régia que, desde então passou a enfeitar a superfície dos grandes lagos e rios.
E contam que, nas noites de luar, ela abre de mansinho as suas pétalas acetinadas para receber a luz e carícias da Lua.
Mulheres serviam as bebidas caxiri, cauim e carne mo-queada.
A razão de tanta alegria era a celebração de uma caçada feliz. O cacique Canuqué reuniu tribos vizinhas e amigas para festejarem o acontecimento.
No meio de tanto divertimento, apenas a bela Nacaíra, filha do cacique, se sentia triste e solitária. Sempre fora disputada pelos mais formosos e destemidos guerreiros, mas a nenhum deles dava o menor olhar ou gesto de esperança. Seu coração puro não pertencia a homens que penduravam no pescoço dentes de inimigos mortos em batalhas, numa atitude de bravura e heroísmo.
Quando pequenina, Nacaíra gostava de ouvir as histórias de Janá, velha feiticeira, que conhecia os poderes misteriosos das plantas, a origem dos rios, a das serras, e sabia os nomes de muitas estrelas do céu. Contara-lhe uma vez Janá que a Lua era um guerreiro branco, belo e poderoso. Nas noites de luar descia à Terra para se casar com uma jovem; depois a levava para o céu, transformando-a em brilhante estrela.
Nacaíra ouvia em silêncio, olhinhos presos no espaço infinito.
— Como seria bom viver lá no alto, transformada em estrelinha e olhar a terra pequenina e distante. . .
As palavras da velha Janá ficaram na mente de Nacaíra, que, mesmo depois de jovem e dotada de surpreendente beleza, jamais se interessou pelos moços da aldeia ou de outras tribos.
Nas noites de luar, saía pelas matas fitando o céu, braços erguidos como a querer alcançar o guerreiro bem-amado. Naquela noite de festas, ela deixou as danças e cantos, as custosas bebidas e cheirosos assados e pôs-se a caminhar pela floresta.
No meio do céu a Lua brilhava tranqüila. Tudo era sossego. Apenas o vento, que brincava nas árvores, trazia o rumor distante das danças e cantos da taba. Lá longe, no azul sem-fim, as estrelas eram como tochinhas brilhando serenas. Nacaíra encaminhou-se para a lagoa. Viu refletida nas águas a imagem querida da Lua. Boiava de mansinho como se dela se aproximasse sempre mais. Pensando no jovem branco que, por certo, vinha buscá-la, a indígena correu ao seu encontro, atirando-se nas águas profundas.
Ninguém mais viu Nacaíra, a bela princesa dos maués. Mas o luar, única testemunha daquela cena, se condoeu da infeliz indiazinha; em vez de transformá-la numa estrela do céu, transformou-a em Estrela das Águas.
No dia seguinte, quando os maués andaram em busca de Nacaíra, encontraram no lago uma flor de radiante beleza, de um suave tom rosa pálido e de perfume delicado, semelhante ao do fruto maduro. Era a Vitória-Régia que, desde então passou a enfeitar a superfície dos grandes lagos e rios.
E contam que, nas noites de luar, ela abre de mansinho as suas pétalas acetinadas para receber a luz e carícias da Lua.
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